O que a Bíblia diz sobre o jejum

Quaresma e jejum parecem andar naturalmente em algumas igrejas cristãs, enquanto outros consideram essa forma de abnegação um assunto pessoal e privado.

É fácil encontrar exemplos de jejum tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Nos tempos do Velho Testamento, o jejum era considerado uma expressão de dor. Desde o Novo Testamento, o jejum assumiu um significado diferente como uma forma de enfocar em Deus e na oração.

Um desses focos foi a intenção de Jesus Cristo durante seu jejum de 40 dias no deserto (Mateus 4: 1-2). Em preparação para seu ministério público, Jesus intensificou sua oração com o acréscimo de jejum.

Hoje, muitas igrejas cristãs associam a Quaresma aos 40 dias de Moisés na montanha com Deus, a jornada de 40 anos dos israelitas no deserto e os 40 dias de jejum e tentação de Cristo. A Quaresma é um período de severo auto-exame e penitência em preparação para a Páscoa.

O jejum emprestado na Igreja Católica
A Igreja Católica Romana tem uma longa tradição de jejum para a Quaresma. Ao contrário da maioria das outras igrejas cristãs, a Igreja Católica tem regras específicas para seus membros em relação ao jejum da Quaresma.

Os católicos não apenas jejuam na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira santa, mas também se abstêm de carne naqueles dias e toda sexta-feira durante a Quaresma. O jejum, no entanto, não significa negação completa dos alimentos.

Nos dias de jejum, os católicos podem comer uma refeição completa e duas refeições menores que juntas não constituem uma refeição completa. Crianças pequenas, idosos e pessoas cuja saúde seria comprometida estão isentas das regras do jejum.

O jejum está associado à oração e à esmola como disciplinas espirituais para remover o apego de uma pessoa ao mundo e focalizá-lo em Deus e no sacrifício de Cristo na cruz.

Jejum para a Quaresma na Igreja Ortodoxa Oriental
A Igreja Ortodoxa Oriental impõe as regras mais estritas para o jejum da Quaresma. A carne e outros produtos de origem animal são proibidos na semana anterior à Quaresma. Na segunda semana da Quaresma, apenas duas refeições completas são feitas às quartas e sextas-feiras, embora muitos leigos não respeitem as regras completas. Nos dias úteis durante a Quaresma, pede-se aos membros que evitem carne, derivados, peixe, ovos, laticínios, vinho e óleo. Na Sexta-feira Santa, os membros são convidados a não comer nada.

Quaresma e jejum nas igrejas protestantes
A maioria das igrejas protestantes não tem regulamentos sobre jejum e quaresma. Durante a Reforma, muitas práticas que poderiam ter sido consideradas "obras" foram eliminadas pelos reformadores Martinho Lutero e João Calvino, para não confundir os crentes que aprenderam a salvação somente pela graça.

Na Igreja Episcopal, os membros são incentivados a jejuar na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. O jejum também deve ser combinado com oração e esmola.

A Igreja Presbiteriana faz jejum voluntário. Seu propósito é desenvolver um vício em Deus, preparar o crente para enfrentar a tentação e buscar a sabedoria e a orientação de Deus.

A Igreja Metodista não tem diretrizes oficiais sobre o jejum, mas o incentiva como um assunto privado. John Wesley, um dos fundadores do Metodismo, jejuava duas vezes por semana. Jejuar ou abster-se de atividades como assistir televisão, comer comidas favoritas ou passatempos também é incentivado durante a Quaresma.

A Igreja Batista incentiva o jejum como uma maneira de se aproximar de Deus, mas o considera um assunto particular e não tem dias fixos em que os membros devem jejuar.

As assembléias de Deus consideram o jejum uma prática importante, mas puramente voluntária e privada. A igreja ressalta que não produz mérito ou favor de Deus, mas é uma maneira de aumentar a concentração e obter autocontrole.

A Igreja Luterana incentiva o jejum, mas não exige que seus membros jejuem durante a Quaresma. A Confissão de Augsburgo declara:

“Não condenamos o jejum em si, mas as tradições que prescrevem certos dias e certas carnes, com perigo de consciência, como se tal trabalho fosse um serviço necessário”.