Devoção a Maria: a importância da Virgem na Eucaristia

Da relação entre a Eucaristia e os sacramentos individuais, e do significado escatológico dos Santos Mistérios, emerge o perfil da existência cristã como um todo, chamada a ser um culto espiritual a cada momento, uma oferta de si mesma agradável a Deus.

E se é verdade que estamos todos ainda a caminho da plena realização da nossa esperança, isso não significa que já possamos reconhecer com gratidão que o que Deus nos deu encontra cumprimento perfeito na Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe: a sua Assunção ao céu em corpo e alma é para nós um sinal de esperança segura, pois indica a nós, peregrinos no tempo, aquela meta escatológica que o sacramento da Eucaristia nos faz esperar.

Em Maria Santíssima vemos também perfeitamente concretizada a modalidade sacramental com a qual Deus alcança e envolve a criatura humana na sua iniciativa salvífica.

Da Anunciação ao Pentecostes, Maria de Nazaré aparece como pessoa

cuja liberdade está totalmente disponível para a vontade de Deus.

Sua Imaculada Conceição se revela propriamente em docilidade incondicional à Palavra divina.

A fé obediente é a forma que sua vida assume a cada momento diante da ação

de Deus.

Virgem ouvinte, ela vive em plena harmonia com a vontade divina; guarda no coração as palavras que vêm de Deus e, compondo-as como um mosaico, aprende a compreendê-las mais profundamente (Lc 2,19: 51-XNUMX).

Maria é a grande crente que, cheia de confiança, se coloca nas mãos de Deus, abandonando-se à sua vontade.

Este mistério se intensifica até atingir o pleno envolvimento na missão redentora de Jesus.

Como afirmou o Concílio Vaticano II, «a Virgem Maria avançou na peregrinação da fé e manteve fielmente a sua união com o Filho até à cruz, onde, não sem um desígnio divino, permaneceu (Jo 19,15) sofrendo profundamente com ela Unicamente gerado e associando-se com uma alma materna ao sacrifício dEle, consentindo amorosamente na imolação da vítima por ela gerada; e, finalmente, pelo próprio Jesus morrer na cruz, ela foi dada como mãe ao discípulo com estas palavras: Mulher, aqui está o teu filho ”.

Da Anunciação à Cruz, Maria é quem acolhe o Verbo feito carne nela e chega a calar-se no silêncio da morte.

Enfim, é ela quem recebe nos braços o corpo doado, agora sem vida, dAquele que verdadeiramente amou a si mesmo "até o fim" (Jo 13,1).

Por isso, sempre que na liturgia eucarística nos aproximamos do corpo e do sangue de Cristo, dirigimo-nos também àquela que, aderindo plenamente a ele, aceitou o sacrifício de Cristo por toda a Igreja.

Os Padres Sinodais afirmaram com razão que "Maria inaugura a participação da Igreja no sacrifício do Redentor".

Ela é a Imaculada que aceita incondicionalmente o dom de Deus e, desta forma, está associada à obra da salvação.

Maria de Nazaré, ícone da Igreja nascente, é o modelo de como cada um de nós é chamado a acolher o dom que Jesus faz de si mesmo na Eucaristia.

MARIA, A VIRGEM FIEL

(Santa Isabel da Trindade)

Ó Virgem fiel, tu ficas noite e dia

em profundo silêncio, em paz inefável,

em uma oração divina que nunca cessa,

com a alma toda inundada pelos esplendores eternos.

Seu coração como um cristal reflete o Divino,

o Convidado que lá mora, a Beleza que nunca se põe.

Ó Maria, atrai o céu e eis que o Pai lhe dá a sua Palavra

para que você seja sua mãe,

e o Espírito de amor o cobre com sua sombra.

Os três vêm até você; é todo o céu que se abre e desce para você.

Adoro o mistério deste Deus que se encarnou em ti, Virgem Mãe.

Mãe da Palavra, conte-me o seu mistério depois da Encarnação do Senhor,

como na terra você passou completamente enterrado em adoração.

Em uma paz inefável, em um silêncio misterioso,

você penetrou no insondável,

carregando o Dom de Deus dentro de você.

Sempre me mantenha em um abraço divino.

Que eu carrego em mim

a marca desse Deus de amor.