As mulheres devem pregar na missa?

As mulheres podem trazer uma perspectiva necessária e única ao púlpito.

É o final da manhã de terça-feira da Semana Santa. Estou mexendo na minha mesa quando um e-mail pisca na tela do computador. "Homilia do parceiro?" Diga a linha de assunto.

Meu coração pula uma batida.

Eu clico na mensagem. O ministro que preside a Vigília Pascal quer saber se considero fazer a homilia com ele. O Evangelho de Lucas saiu este ano: a história das mulheres no túmulo.

A história das mulheres que se apresentam. A história de mulheres que persistem através da dor. A história de mulheres que testemunham a verdade e são aclamadas como bobagens. A história das mulheres que pregam de qualquer maneira.

Eu respondo imediatamente, feliz e agradecida por este convite misterioso.

"Como pode ser?" Eu me pergunto enquanto arrasto um carrinho de mão cheio de comentários do Evangelho para fora da biblioteca.

A resposta vem nos seguintes dias: dias cheios de oração e possibilidades. Mergulho de cabeça no texto. Lectio divina se torna meu sangue vital. As mulheres na sepultura se tornam minhas irmãs.

Sexta-feira Santa, o ministro presidente e eu nos encontramos para comparar as anotações.

Em seguida, pregamos a homilia.

No final do evangelho da vigília, ele deixa a cadeira de seu diretor. Eu me levanto da minha mesa. Nos encontramos ao lado do altar. Para a frente e para trás, contamos a história do triunfo de Jesus sobre a morte. Lado a lado, pregamos as Boas Novas pregadas pela primeira vez por mulheres há 2000 anos: Jesus Cristo ressuscitou!

Na verdade, o edifício sagrado treme de alegria. Parece elétrico.

Quando criança, sentei-me na primeira fila e imitei o padre durante a homilia. Eu me imaginei perto do altar contando histórias sobre Jesus. Nunca vi meninas atrás do púlpito.

Mas eu sempre olhei.

Anos mais tarde, eu traria o mesmo interesse pelas homilias para o seminário. Lá me apaixonei por todo o processo de pregação: mastigar textos sagrados, ouvir os sussurros de Deus, dar vida às palavras com a minha voz. O púlpito atraiu um espírito profundo para mim. Eu me sentia tão vivo para pregar nas orações e retiros do meio-dia. A comunidade também confirmou meus dons.

Talvez tenha sido isso que causou lágrimas quentes toda vez que alguém perguntou sobre mulheres fazendo homilias. Senti um chamado de Deus e da comunidade para servir a igreja dessa maneira particular, mas me senti preso. A norma de quem pode pregar a homilia parecia um punho cerrado que não se expandia.

E então, nas noites mais sagradas, ele fez.

De quem é o papel de pregar a homilia na missa?

Em Cumprida em sua audição, a Conferência Episcopal dos Estados Unidos dá uma resposta clara: o ministro que preside.

Seu raciocínio enfatiza o vínculo integral entre o anúncio do Evangelho e a celebração da Eucaristia.

O decreto do Concílio Vaticano II sobre o ministério e a vida dos sacerdotes observa: «Há uma unidade indivisível na celebração da Missa entre o anúncio da morte e da ressurreição do Senhor, a resposta dos ouvintes e a oferta [eucarística] pela qual Cristo confirmou a nova aliança em seu sangue. "

Dado o seu papel particular de guia litúrgico, o ministro presidente - e apenas o ministro presidente - pode unir palavra e sacramento na homilia.

Contudo, as assembléias de culto ouvem continuamente homilias de homens que não sejam o ministro presidente.

A instrução geral do Missal Romano afirma que o ministro presidente pode confiar a homilia a um sacerdote concelebração "ou, ocasionalmente, conforme as circunstâncias, ao diácono" (66).

Esta cláusula expande a norma.

A igreja ordena diáconos com responsabilidades litúrgicas específicas. Mesmo assim, os diáconos não podem desempenhar o papel particular do celebrante principal. Os ministros presidenciais expandem a regra sempre que convidam diáconos para pregar a homilia, uma ocorrência comum que acontece (por um bom motivo) em congregações ao redor do mundo.

Por que essa expansão da norma não é feita com mais frequência para as mulheres, como o que aconteceu comigo na Vigília da Páscoa?

As escrituras estão livres de histórias de mulheres que carregam a palavra e pregam a ressurreição?

Nossa tradição diz que apenas homens são feitos à imagem de Deus?

As mulheres nunca experimentaram formação teológica?

Existe algum tipo de Espírito menor que vindica as mulheres no batismo e nos comissiona para confirmar, mas não vai até a ordenação?

A resposta a todas essas perguntas é, obviamente, um sonoro "Não".

Como muitas questões na Igreja Católica, a exclusão das mulheres do púlpito é um problema patriarcal. Está enraizado na relutância de muitos na hierarquia em até mesmo considerar a possibilidade de que as mulheres podem ser líderes iguais da palavra de Deus.

A questão das mulheres que pregam homilias durante a missa levanta questões muito mais fundamentais: as histórias das mulheres são importantes? As experiências das mulheres são importantes? As próprias mulheres contam?

O ministro presidente respondeu “Sim” com seu convite criativo para a Vigília Pascal. Ele seguiu a norma pregando a homilia. Ele também expandiu o padrão ao convidar uma mulher para pregar ao lado dele.

Esta é a igreja que devemos tentar ser: inclusiva, colaborativa, ousada.

Uma igreja que não pode responder a um retumbante “Sim, as mulheres importam” não é uma igreja de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que expandiu os padrões de envolvimento das mulheres em seu ministério. Jesus conversa com uma mulher samaritana enquanto ela tira água de um poço e até pede para ela beber. Suas ações chocam os discípulos. Os líderes masculinos não deveriam falar com as mulheres em público: o escândalo! Jesus fala com eles de qualquer maneira.

Permite que uma mulher que pecou unja os pés. Essa mudança corre o risco de quebrar as leis de limpeza. Jesus não apenas não para a mulher, mas chama a atenção para a sua fidelidade e humanidade ao dizer a Simão: "Onde quer que esta boa nova seja proclamada no mundo, o que ele fez será contado em sua memória" (Mt 26: 13).

Jesus afirma a decisão de Maria de abandonar o papel típico de aeromoça e sentar-se a seus pés, lugar normalmente reservado aos discípulos. "Maria escolheu a melhor parte", disse Jesus para grande desgosto de Marta (Lucas 10:42). Outra regra quebrada.

E, em um dos encontros mais extraordinários da história da humanidade, o Cristo ressuscitado aparece pela primeira vez a Maria Madalena. Ele confia nela, uma mulher, com a principal tarefa confiada aos homilistas desde então: vá. Conte as boas novas da minha ressurreição. Avise meus discípulos que estou muito vivo.

Jesus não permite que normas ou regras o prendam. Também não os ignora. Como ele diz à multidão: "Não vim abolir [a lei], mas cumprir" (Mateus 5:17). As ações de Jesus expandem as normas e mudam as prioridades para o bem da comunidade, especialmente dos marginalizados. Ele vem para implementar a regra final: amar a Deus e amar seu próximo.

Este é o Filho de Deus que adoramos na liturgia eucarística, cuja vida, morte e ressurreição são interrompidas na homilia.

Os padrões podem ser expandidos?

A prática litúrgica atual e as ações de Cristo nas Escrituras afirmam "Sim".

O que a igreja poderia parecer para expandir seus padrões para incluir mulheres entre os encarregados de pregar a homilia?

Não é tão difícil de imaginar.