Meditação hoje: a encarnação que nos redimiu

Deus e todas as obras de Deus são a glória do homem; e o homem é o lugar onde se reúne toda a sabedoria e o poder de Deus.Como o médico prova sua habilidade no enfermo, assim também Deus se manifesta nos homens. Por isso Paulo afirma: "Deus encerrou todas as coisas nas trevas da incredulidade para ter misericórdia de todos" (cf. Rm 11). Não se refere aos poderes espirituais, mas ao homem que estava diante de Deus em um estado de desobediência e perdeu a imortalidade. Mais tarde, porém, ele obteve a misericórdia de Deus pelos méritos e por intermédio de seu Filho. Assim, ele tinha a dignidade de um filho adotivo nele.
Se o homem receberá sem orgulho a autêntica glória que vem daquilo que foi criado e daquele que o criou, isto é, de Deus, o Todo-poderoso, o arquiteto de todas as coisas que existem, e se ele permanecerá no amor de Com ele em respeitosa submissão e contínua ação de graças, receberá ainda maior glória e progredirá cada vez mais neste caminho até que se torne semelhante àquele que morreu para salvá-lo.
Com efeito, o próprio Filho de Deus desceu «em carne semelhante à do pecado» (Rm 8, 3) para condenar o pecado e, depois de o condenar, para o excluir totalmente do género humano. Ele chamou o homem à semelhança de si mesmo, fez dele um imitador de Deus, colocou-o no caminho indicado pelo Pai para que pudesse ver Deus e deu-lhe o Pai como um presente.
A Palavra de Deus estabeleceu sua morada entre os homens e se tornou o Filho do homem, para habituar o homem a entender a Deus e para habituar Deus a fazer sua morada no homem segundo a vontade do Pai. Por isso, o próprio Deus deu-nos como «sinal» da nossa salvação aquele que, nascido da Virgem, é o Emanuel: porque o próprio Senhor salvou aqueles que em si próprios não tinham possibilidade de salvação.
É por isso que Paulo, indicando a fraqueza radical do homem, diz "Eu sei que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne" (Rm 7), visto que o bem da nossa salvação não vem de nós, mas de Deus E novamente Paulo exclama: «Eu sou infeliz! Quem vai me libertar deste corpo condenado à morte? " (Rom 18:7). Em seguida, apresenta o libertador: o amor gratuito de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Rm 24).
O próprio Isaías predisse isto: Fortalecei-vos, mãos moles e joelhos vacilantes, coragem, desânimo, confortai-vos, não temais; eis o nosso Deus, ele opera a justiça, ele dará a recompensa. Ele mesmo virá e será a nossa salvação (cf. Is 35).
Isso indica que não de nós, mas de Deus, que nos ajuda, temos a salvação.

de Santo Irineu, bispo