O tau franciscano: sua explicação teológica

O Tau…
É o sinal de reconhecimento do cristão, ou seja, do filho de Deus, do filho que escapou do perigo, do SALVO. É sinal de poderosa proteção contra o mal (Ez.9,6).
É um sinal desejado por Deus para mim, é um privilégio divino (Ap.9,4; Ap.7,1-4; Ap.14,1).

É o sinal dos remidos do Senhor, dos imaculados, dos que Nele confiam, dos que se reconhecem filhos amados e sabem que são preciosos para Deus (Ez.9,6).

É a última letra do alfabeto hebraico (Sl.119 na parte inferior).
Na época de Jesus a cruz era a condenação dos criminosos, portanto um símbolo de vergonha e escândalo. Os condenados daquela época tinham um poste amarrado nas mãos atrás das costas; chegaram ao local da execução, foram içados em outro poste cravado verticalmente no solo. A cruz TAU de Cristo não é mais um símbolo de vergonha e derrota, mas se torna um símbolo de um sacrifício pelo qual sou salvo.

É símbolo da dignidade dos filhos de Deus, porque é a Cruz que sustentou Cristo. É um sinal que me lembra que também eu devo ser forte nas provações, pronto para obedecer ao Pai e dócil na submissão, como Jesus foi diante da vontade do Pai.

Geralmente é feito de madeira de oliveira, por quê? Porque a madeira é um material muito pobre e dúctil; os filhos de Deus são chamados a viver com simplicidade e pobreza de espírito (Mt.5,3). A madeira é um material dúctil, ou seja, facilmente trabalhado; também o cristão baptizado deve deixar-se plasmar na vida quotidiana pela Palavra de Deus, para ser Voluntário do seu Evangelho. Vestir o TAU significa ter respondido ao meu SIM à vontade de Deus de me salvar, aceitando a sua oferta de salvação.

Significa ser portador da paz, porque a oliveira é símbolo da PAZ ("Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz" - São Francisco). São Francisco, com a TAU abençoou e obteve muitas graças. Nós também podemos abençoar (ver bênção de São Francisco ou Nm.6,24-27). Abençoar significa dizer o bem, desejar o bem a alguém.

Na época do nosso Batismo nos escolheram madrinha e padrinho, hoje ao recebermos o TAU, fazemos uma escolha livre como cristãos adultos na fé.

Tau é a última letra do alfabeto hebraico. Foi usado com valor simbólico desde o Antigo Testamento; já está mencionado no livro de Ezequiel: “O Senhor disse: Passa pela cidade, por Jerusalém, e marca um Tau na testa dos homens que suspiram e choram…” (Ez.9,4). É o sinal que, colocado na testa dos pobres de Israel, os salva do extermínio.

Com este mesmo sentido e valor também é falado no Apocalipse: "Então vi outro anjo subindo do oriente e trazendo o selo do Deus vivo, e clamou em alta voz aos quatro anjos que foram ordenados fazer mal à terra e ao mar dizendo: não danifiques a terra, nem o mar, nem as plantas, até que tenhamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus” (Apoc.7,2-3).

O Tau é, portanto, um sinal de redenção. É um sinal externo daquela novidade de vida cristã, marcada mais internamente pelo Selo do Espírito Santo, que nos foi dado como dom no dia do Batismo (Ef 1,13).

O Tau foi adotado muito cedo pelos cristãos. Este sinal já se encontra nas catacumbas de Roma. Os primeiros cristãos adotaram o Tau por duas razões. Ela, como última letra do alfabeto hebraico, era uma profecia do último dia e tinha a mesma função que a letra grega Ômega, conforme aparece no Apocalipse: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim . A quem tem sede darei a vida de graça da fonte de água... Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Ap.21,6; 22,13).

Mas, acima de tudo, os cristãos adotaram o Tau, porque sua forma os lembrava da cruz, na qual Cristo se sacrificou pela salvação do mundo.

São Francisco de Assis, por estes mesmos motivos, referia-se inteiramente a Cristo, ao Último: pela semelhança que o Tau tem com a cruz, este sinal lhe era muito querido, tanto que ocupou um lugar importante na vida como nos gestos. Nele, o antigo sinal profético é atualizado, recolorido, recupera sua força salvadora e expressa a bem-aventurança da pobreza, elemento substancial do modo de vida franciscano.

Um amor que brotava de uma apaixonada veneração pela santa cruz, pela humildade de Cristo, objeto constante das meditações de Francisco, e pela missão de Cristo que, por meio da cruz, deu a todos os homens o sinal e o maior de seu amor. O Tau foi também para o Santo o sinal concreto da salvação certa e da vitória de Cristo sobre o mal. Francisco tinha grande amor e fé neste signo. "Com este selo, São Francisco assinava-se sempre que, por necessidade ou por espírito de caridade, enviava algumas de suas cartas" (FF 980); “Com ela começou suas ações” (FF 1347). O Tau era, portanto, o sinal mais querido por Francisco, seu selo, o sinal revelador de uma profunda convicção espiritual de que somente na cruz de Cristo está a salvação de todo homem.

Assim, o Tau, que tem atrás de si uma sólida tradição bíblico-cristã, foi acolhido por Francisco no seu valor espiritual e o Santo apoderou-se dele de forma tão intensa e total até que ele próprio se tornou, através dos estigmas da sua carne, ao o fim de seus dias, aquele Tau vivo que tantas vezes ele havia contemplado, desenhado, mas acima de tudo amado.